São Paulo 16/1/2024 –
O urologista Carlo Passerotti afirma que a simples observação desse comportamento pode evitar infecções que afetam o aparelho urinário
Os especialistas em doenças do aparelho urinário apontam que a corrida da criança ao banheiro pode ser um ponto de atenção para os pais. Para eles, o gesto quase natural indica que aquela criança prendeu o xixi por tanto tempo, que só correu para o banheiro quando já não aguentava mais segurar a vontade de urinar. O Manual de UroPediatria para médicos, produzido em conjunto pelas Sociedades Brasileiras de Urologia e Pediatria, aponta o comportamento da criança como um alerta para os pais identificarem eventuais Infecções do Trato Urinário (ITU) nos filhos.
De acordo com a publicação, os pais devem ficar atentos às chamadas “manobras de retenção” que atitudes corporais das crianças, como o cruzamento das pernas para apertar ou tracionar a genitália, ou acocorar-se pressionando o períneo contra os calcanhares para impedir ou retardar à micção.
O Manual de UroPediatria serve como guia para os pediatras identificarem as doenças do aparelho urinário ainda no consultório e indicarem o tratamento mais adequado para cada caso, especialmente as Infecções do Trato Urinário (ITU) que atingem 2% dos meninos até 2 anos e até 11% das meninas até os 7 anos.
Segundo o urologista Carlo Passerotti, os pais devem ficar alertas quando as crianças começam a correr para o banheiro, porque esse gesto quase natural, de forma repetida, pode levar à ITU. “Se essa criança prendeu o xixi por muito tempo, significa que ela só correu para o banheiro quando não aguentou mais segurar a vontade de urinar. E é nessa retenção sistemática que está o maior problema”.
O urologista explica que as Infecções do Trato Urinário são um marcador importante anomalias, nos rins, na bexiga ou no canal da uretra. “Há, por exemplo, o risco de sepse e de cicatrizes renais, que a longo prazo, podem levar a problemas mais sérios, como cálculos renais, hipertensão e até a pielonefrite – que causa perda da função renal”, acrescenta Passerotti.
O especialista orienta aos pais que o treinamento miccional, ou uma conscientização da criança, podem impedir o desenvolvimento da ITU. Mas, o médico enfatiza, se a criança apresentar qualquer sintoma, ela deve passar por uma avaliação médica imediata. “Quanto mais rápida for a ação dos pais a qualquer sinal de dor na região abdominal e de dificuldades de a criança urinar, mais eficiente será o tratamento e maiores serão as chances de impedir a evolução do quadro para um problema mais grave”, finaliza.
Sobre o Dr. Carlo Passerotti
CRM 100530 SP – CNRM 729541 – CNRM 599501
Estudou Medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM), e também mestrado e doutorado na Universidade Federal de São Paulo. Pós-doutorado em cirurgia robótica na Harvard Medical School, Boston, onde foi o primeiro brasileiro a ser certificado e treinado em cirurgia robótica. Atualmente é Professor Livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP, orientador na pós-graduação da Universidade de São Paulo, e coordenador do serviço de Urologia e Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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