26/2/2024 –
Estrutura terá 14 mil quilômetros de extensão e será o primeiro cabo submarino de fibra óptica a unir diretamente América do Sul, Ásia e Oceania. Principal vantagem está relacionada à velocidade de transmissão de dados, resultando em internet e sistemas mais rápidos e eficientes, afirma especialista
O governo do Chile oficializou, em 11 de janeiro, uma parceria com o Google para a construção do cabo submarino de fibra óptica Humboldt. A estrutura terá mais de 14 mil quilômetros de extensão e foi descrita pelas autoridades chilenas como “o primeiro ponto de conexão digital entre América do Sul, Ásia e Oceania”.
Ao anunciar a novidade, o presidente do Chile, Gabriel Boric, ressaltou o potencial de geração de empregos e fortalecimento das indústrias do país. A previsão, segundo informações do governo, é que a construção do cabo submarino (que ligará a cidade de Valparaíso à australiana Sidney) comece em 2025 e termine em 2026, com capacidade de transmissão de 144 terabytes por segundo e vida útil de 25 anos.
Karan Bhatia, vice-presidente global de assuntos governamentais e políticas públicas do Google, comentou o impacto que o cabo Humboldt terá: “Ele vai aumentar o potencial digital da América do Sul e da sub-região do Pacífico, capitalizando o crescimento global econômico. Junto com o já existente datacenter do Google em Quilicura [também em território chileno], o cabo Humboldt vai sedimentar a posição do Chile como um hub digital para a América Latina”, disse. O investimento inicial é de 55 milhões de dólares (cerca de R$ 272 milhões, na cotação atual).
Para que serve um cabo de fibra óptica?
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil (Anatel), os cabos submarinos permitem a interconexão de sistemas de telecomunicação e de internet. Eles são posicionados no fundo dos oceanos e respondem por mais de 90% da transmissão de dados entre países e continentes, informa o órgão governamental, acrescentando que os primeiros cabos de fibra óptica foram instalados no Brasil na década de 1990.
Simon Medeiros, diretor de novos negócios da RedeBr, empresa sediada em Duque de Caxias – RJ, e que atua com fornecimento de internet por fibra óptica, explica que essa tecnologia traz muitas vantagens para a conectividade. “Ela permite que a informação chegue mais rapidamente e com grande volume de dados. Isso não era possível em tecnologias legadas [obsoletas]. Inclusive, o 5G precisa da fibra óptica para funcionar”, diz.
Medeiros destaca que “a construção do cabo de fibra óptica reduzirá a latência, ou seja, a informação chegará mais rápido ao usuário. Será positiva para esses países, pois hoje, para circular por eles, a informação precisa passar pelos Estados Unidos ou Europa.”
O Brasil anunciou, em 2021, interesse em integrar o projeto do cabo Humboldt, mencionando que a iniciativa fortalecerá a conexão brasileira com a internet mundial e melhorará “a disponibilidade e a confiabilidade do sistema”. Na época, foi dito que equipes técnicas “aprofundarão as discussões sobre as modalidades financeiras e técnicas da participação do Brasil neste projeto de longo prazo”.
Entretanto, após o anúncio oficial feito em janeiro pelo Chile e pelo Google, não houve novas informações nos canais de comunicação do governo sobre qual seria o papel do Brasil na construção do cabo.