São Paulo 4/9/2023 – Atletas no auge de suas carreiras, que lutavam apenas por medalhas, agora podem optar por competir por milhares de dólares em eventos independentes
Antes contemplados apenas com medalhas, atletas de jiu-jitsu ingressam em uma nova era de remuneração nos campeonatos mundiais
Por muito tempo, atletas profissionais de jiu-jitsu ganharam pouco ou nenhum dinheiro em competições. A começar pelas lutas promovidas pela principal organização do esporte. Fundada em 2002, a IBJJF (International Brazilian Jiu-Jitsu Federation) passou a recompensar seus competidores com prêmios em dinheiro apenas em 2019. Na época, a premiação máxima era de US$ 4 mil para lutadores adultos da liga mundial. Quatro anos depois, o valor chega a US$ 15 mil, um aumento de quase 200%.
O salto no montante do cheque oferecido pela IBJJF acompanha outro fenômeno recente no esporte: o surgimento de torneios independentes que pagam altas cifras em dinheiro. Entre os mais relevantes está o BJJ Stars, fundado em 2019 pelo brasileiro Fepa Lopes. Em abril de 2023, o evento concedeu um prêmio em dinheiro bem superior ao oferecido pelos torneios federativos: R$ 200 mil, aproximadamente US$ 40 mil, entregue ao baiano Erich Munis, conforme registrou o Portal Vale Tudo.
“Atletas no auge de suas carreiras, que lutavam apenas por medalhas, agora podem optar por competir por milhares de dólares em eventos independentes”, comenta o treinador mineiro Gabriel Moreira, da comissão atlética de juízes do PBJJF (Professional Brazilian Jiu-Jitsu Federation) e coach de campeões como João Paulo de Fatima Ferreira e Max Gimenez.
Segundo Gabriel, na maioria dos esportes profissionais, os ganhos dos atletas estão diretamente relacionados ao lugar alcançado no pódio. “No tênis, quem vence um ‘grand slam’ é contemplado com milhões de dólares. No jiu-jitsu, quando um lutador vence um campeonato mundial, na maioria das vezes, recebe apenas um cinturão”, conta.
Torneios como o da Fundação de Jiu-Jitsu dos Emirados Árabes Unidos (UAEJJF) tornaram-se uma das competições favoritas dos atletas profissionais em busca de prêmios polpudos. No evento, não só o primeiro lugar é pago, mas também os segundos e terceiros colocados em todas as categorias, da faixa azul à marrom. No ano passado, o campeonato distribuiu mais de US$ 800 mil em prêmios em dinheiro.
Em 2019, na Coreia do Sul, o Spyder Jiu-Jitsu Invitational, também conhecido como “King Of Kings”, concedeu a maior premiação em dinheiro do esporte: US$ 100 mil para o brasileiro Kaynan Duarte, de São Paulo.
“Poucos anos atrás, o rendimento dos atletas de jiu-jitsu era tão pouco e incerto que muitos profissionais não podiam dedicar-se apenas ao esporte para sobreviver. Hoje, lutadores podem ganhar a vida competindo em diversos torneios que pagam grandes montantes em dinheiro”, afirma Gabriel Moreira.
Em fevereiro, o site especializado Elite Sports listou os principais campeonatos de jiu-jitsu mundiais e seus prêmios em dinheiro. “Desde que o jiu-jitsu se originou no Brasil e depois espalhou suas raízes na América, os atletas não recebiam nenhuma quantia significativa em dinheiro em nenhum torneio”, afirma a publicação. “Só depois do reconhecimento internacional e da adoção popular, os torneios de jiu-jitsu passaram a oferecer prêmios em dinheiro”, completa.
Website: https://jitsmagazine.com/how-much-money-is-there-at-the-world-championships/